domingo, 22 de março de 2009

O menino do pão

João nasceu à beira do ribeirão
Mãe era Alice e Lúcio, irmão
Seu pai não queria não
Mas ainda assim nasceu João

Desde criança era chorão
E gostava pouco de não
Logo que ganhou o chão
Fez do pão seu ganha-pão

Era assim que vivia João
E quando Elisa balançou seu coração
Versos começou a fazer João
Todos escritos em papel de pão

Elisa e João
Namoravam no casarão
Mas o pai dela gostava não
João era só o menino do pão

É, João entregava pão
Antes do sol por seu clarão
Ele já batia no portão
Pra deixar nas casas o pão

Para Elisa não era bom
Vê se pode a menina viver num barracão
Era assim que pensava alemão
Pai de Pedro, que de Elisa era irmão

Elisa ligou não
E casou-se com João
Ele sonhava em ser escrivão
Mas continuava a entregar pão

E por mais que tentasse João
Não gostava dele o tal alemão
Elisa ligava não
E enfeitava o barracão

Um dia conseguiu João
O emprego de escrivão
Mas mesmo assim pro alemão
João era só o menino do pão


Mariana Rosell

sexta-feira, 13 de março de 2009

Diálogo sobre um tal de sgundo sol

Sabe seu Zé, me conta mesmo como é aquela história de dois sóis, ops!Acho que é segundo sol...Antes de você ver alguém te contou?OU você contou antes da moça ver?
Esse tal de segundo sol já chegou?Ele já alinhou aquela coisa, como é que se chama mesmo, acho que é órbita...É, é isso mesmo!Já alinhou a tal da órbita dos planetas?O sol era a moça?Ah ta!Acho que to começando a entender... Por isso a moça morreu, para alinhar os planetas.Foi isso, seu Zé?
Mas não derrubou o cometa, só assombrou toda a gente porque ela foi feito cometa, rápida e rasteira.
O senhor comprou aquela nova casa com trilha, conversão e aquelas coisas lá?Já instalou o telefone?Parece que ele vai tocar mesmo viu, ouvi dizer por aí que tem alguém querendo ligar pro senhor.
É verdade que o senhor viu dois sóis?Eu acho que vi.Tinha um no céu e um no palco.Era a moça que tava lá, cantando eu acho, ou tava tocando, as duas coisas ou encantando?
Sabe seu Zé, eu acho que já vou embora, esse negócio é muito complicado.A única coisa que entendi com certeza, é que não tem explicação.

Mariana Rosell

domingo, 8 de março de 2009

Moldura

Moldura que molda
Ferro que solda
E assim se forma
A tua forma

Moldura da alma
Moldura na palma
Moldura na alma
Moldura que acalma

Moldura de dor
Moldura de amor
Some a dor
Fica o amor

Moldura de prata
Moldura de bronze
Moldura de graça
Emoldura de longe

Moldura no teto
Moldura na mão
Emoldura de perto
Emoldura o coração


Mariana Rosell

sexta-feira, 6 de março de 2009

Quantas pessoas passam?Vêm e vão. No corre-corre da cidade, sobra pouco tempo para ver a vida passar. Vemos todos passar por ela. Mas quantos desse vivem?
Na multidão se perde o ser. Num mundo em que ter é mais importante do que ser, busca-se sempre aquilo que, no fim, não vale nada.
Lucro, dinheiro, o carro da moda, a casa maior, a roupa mais bonita... Tudo isso pra quê?Por quê?Se isso te trouxer felicidade, ela é momentânea, e se sua satisfação pessoa vier com isso, você é vazio e pobre!
De espírito, de amigos, de vida, de você mesmo. Pobre porque toda riqueza passará e você não tem nada do que fica. Não deu valor ao que vale.
Quanto mais o tempo passa, mais os valores se perdem. Cadê o respeito (o primeiro dos valores)?Provavelmente está perdido na multidão que vai, vem, volta, vira, revira e não para pra pensar.
É tanto corre-corre que as palavras estão correndo da mente e do papel... Correram, saíram, fugiram, sumiram!


Mariana Rosell