sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Mãe

Aquela que faz ninar
Aquela que faz beber
Aquela que faz dormir

Aquela que faz sonhar
Aquela que faz comer
Aquela que faz sorrir

Aquela que só faz banhar
Aquela que só faz sofrer
Aquela que só faz sorrir

Aquela que só faz criar
Aquela que só faz nascer
Aquela que não faz dormir

Aquela que faz brincar
Aquela que faz crescer
Aquela que faz partir

Aquela que só faz ligar
Aquela que só faz mexer
Aquela que só faz parir

Aquela que faz estudar
Aquela que faz correr
Aquela que faz rir

Aquela que só faz cantarolar
Aquela que só faz estremecer
Aquela que só faz cobrir

Aquela que faz andar
Aquela que faz mexer
Aquela que faz colidir

Aquela que só faz preocupar
Aquela que só faz proteger
Aquela que só faz suprir


Mariana Rosell

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Filho

Aquele que faz chorar
Aquele que faz correr
Aquele que não deixa dormir

Aquele que faz acordar
Aquele que faz adormecer
Aquele que faz sorrir

Aquele que só faz discordar
Aquele que só faz enraivecer
Aquele que só faz existir

Aquele que só faz teimar
Aquele que só faz dizer
Aquece que só faz sair

Aquele que faz mimar
Aquele que faz resolver
Aquele que faz desistir

Aquele que só faz desorientar
Aquele que só faz envolver
Aquele que só faz insistir

Aquele que faz amar
Aquele que faz entristecer
Aquele que faz explodir

Aquele que só faz badalar
Aquele que só faz contorcer
Aquele que só faz discernir

Aquele que faz modificar
Aquele que faz remexer
Aquele que faz conduzir

Aquele que só faz renovar
Aquele que só faz remover
Aquele que só faz permitir


Mariana Rosell

sábado, 2 de janeiro de 2010

E lá vem 2010...

Pensei muito e a dificuldade em escolher o primeiro texto de 2010 foi enorme. Então, achei que escrever um texto especialmente para a ocasião seria o mais adequado, mesmo que, talvez, ainda seja insuficiente.
O fim do ano é sempre da mesma forma: pessoas felizes, pessoas tristes, todos se abraçando, sorrindo ou chorando, muitos presentes, muita comida, muito desperdício e assim por diante. Não que eu não goste, pelo contrário, eu adoro essas datas, adoro ver a cidade toda se enfeitando, luzes, brilhos, pelúcias e papais-noéis vindos diretamente do Polo Norte para um país tropical sob efeitos do aquecimento global. Apesar de tudo, do clima nostálgico, do balancete anual, da saudade de quem foi, da esperança de quem vem; apesar de tudo que se esbanja, eu gosto do Natal e do Ano Novo.
Na véspera de Natal é aquela festa e a Xuxa na tevê, contando todo ano a mesma historinha sem graça, alterando apenas as roupas escandalosas e a Sasha, que está cada vez maior. Às vezes também muda os convidados que vão lá dublar algumas músicas natalinas / infantis, mas a Ivete tá lá todo ano; nada mais justo, já que Natal é época de reforçar os laços, de amizade inclusive.
Dia 31 tem São Silvestre e todo o ano os quenianos mostram o quanto o investimento brasileiro em esportes que não sejam o futebol ou alguns com mais destaque é insatisfatório. Tem show, tem festa, tem champagne, tem brinde, tem choro e tem uma esperança de que no ano que vai nascer tudo vai ser diferente. E é isso que me incomoda tanto. Não entendo muito bem porque as pessoas acham que só porque vai virar a meia-noite tudo vai mudar, tudo vai ser mais fácil. Nada cósmico acontece, é apenas mais uma madrugada que se inicia. Só porque resolvemos acreditar que um ano termina e o outro começa, não significa que as pessoas vão mudar e o mundo vai melhorar.
Não critico a esperança, a desejo, a necessito; mas ela não basta! Ação tem que estar junto, de braços dados, assim como fazemos durante a queima de fogos na Avenida Paulista ou na praia de Copacabana. Porque se não for assim, não vai adiantar nada e no fim desse ano vai ser tudo da mesma forma: Xuxa na tevê, quenianos dando show em terra tupiniquim e gente morrendo aos montes por causa da destruição diária da Natureza pelo Homem e por causa do descaso com a vida.
Que venha 2010!

Mariana Rosell