quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Crise

Hoje é um daqueles dias em que uma gota d’água se transforma em tempestade e um mar de lágrimas escorre pela face. É uma crise que vai passar; mas por enquanto está aqui.
Uma crise de desilusão!
Sim, há poucos dias me desiludi com o mundo, com a vida, com o Homem. Percebi que nada de realmente valioso tem mais valor.Percebi que tudo está invertido, que a vida não vale mais nada e que uma pessoa não passa de um grão de areia e que tanto faz se ele será pisado, levado pelo vento ou banhado pela água do mar.
Afinal, o que eu estou fazendo aqui?O que eu posso fazer de melhor?
Ás vezes tenho vontade de gritar; nem que seja para ninguém ouvir, mas para eu poder me sentir viva e ter certeza de que ainda tenho voz, que ainda posso falar, mesmo que seja para muros surdos.
Estou tomada por uma sensação de impotência muito grande. Não há regras ou valores. No jogo desse mundo (imundo!) a única coisa que importa é se dar bem, não importa sobre quem.
Quando optei por minha futura profissão, o fiz pensando que seria uma forma de mudar.Ingenuamente, cheguei a pensar que poderia mudar o mundo.Hoje sei que não posso.Li que pela educação nada se muda e então passei a refletir constantemente sobre como, pelo menos, tentar melhorar através do ensino.
Depois, eu constatei que a grande maioria das pessoas estuda com um único objetivo: o mercado de trabalho. O bom ingresso nele é a única preocupação e influi, inclusive, na escolha que, para mim, só caberia ao coração.
Essa constatação, unida a alguns fatos que não cabe desenvolver, me levou a essa crise. Uma crise de existência, uma crise de consciência. Uma crise que vai passar, embora a causa dela talvez nunca passe.
Talvez, ao ler o título do texto, você possa ter pensado que se tratasse da última crise econômica... Mas que engano! Acho que não desperdiçaria minhas palavras com o dinheiro. Tenho muito mais com o que me preocupar. Tenho esperanças a cultivar. Tenho um mundo a melhorar. Tenho uma vida para amar.


Mariana Rosell

2 comentários:

Viviane disse...

Aiii Mari, que aperto ler esse texto!
Eu tenho me sentido meio assim também, e meu DEUS como é difícil expor isso! Bem, não sei serve de consolo, (a mim sim) mas ver outras pessoas com idéias semelhantes me anima, não sei bem como, parece que no fundo, a gente não tá tão sozinho, a gente se sente menos impotente... eu acho.

Pedro Leco, disse...

Se o mundo fosse justo, seria fácil ter a seguinte ideia: o objetivo da vida é viver. Difícil explicar. Seria algo como: você só está aqui hoje por causa dos seus pais, que só estão por causa dos seus avós, que só estão por causa dos índios, africanos e europeus; macacos ou adão; e por aí vai. E o Fulano da Silva no século XXX, só estará lá por causa de nós.

MAAAS... depois de ver algumas coisa e de nos depararmos com a realidade suja do planeta, percebemos que ESTÁ TUDO ERRADO!!! Sinto que o objetivo da minha vida não é só viver, mas tentar proporcionar para algumas vítimas do (i)mundo, algo que pelo menos chegue perto de se chamar VIDA.

Não vou usar a palavra consolo, usada pela "Medusa", mas ver que há pessoas em crise junto comigo é no mínimo bom.

A impotência dói demais.